domingo, 13 de outubro de 2013

O mendigo, o espirita e o crente!

Ontem, dia 12/10 muito conhecido como dia das crianças, no Brasil, bem como o dia da padroeira católica do Brasil, a Senhora Aparecida.

Mas não é sobre isso que vou postar.

Quero contar um conto pra vocês.

"O mendigo, o espirita e o crente!
Sábado, um dia como tantos outros, após fazermos uma visita a um irmão, esposo de uma irmã da Igreja Batista, muito querida de nossa família, resolvemos dar uma volta a pé, pelo centro de nossa cidade, coisa que não fazíamos há muito tempo desde que nossa filha nasceu, não, mas andamos assim de mãos dadas, sem nossa pequena, que ficou com meus sogros.

Poderia falar sobre a brevidade de nossas vidas, da fragilidade de nosso corpo humano, que assolado com um minusculo acidente vascular, deixou um homem, jovem, cheio de vida, com três filhas lindas invalido, em uma cama, totalmente paralisado, em estado semi-vegetativo, pois tem consciência e reconhece as pessoas.
Mas não, vou falar sobre um individuo, que perdeu sua individualidade, que perdeu sua dignidade, ate mesmo, sua identidade.

Pra quem conhece a cidade de Campinas, sabe que a Av. Francisco Glicério, uma das principais avenidas do centro, quiza a principal, é extremamente movimentada, mesmo com menos transito aos sábados não menos movimentados, eram pouco mais de 18h20min da tarde, inicio da noite, me deparei com uma imagem aterradora, um homem caído na segunda faixa, desacordado, pela misericórdia do nosso Deus, não havia movimento algum naquele instante, apenas um carro que vi e fez o bloqueio do local enquanto eu e mais um senhor retirávamos, o mesmo a calçada, já havia olhado seus sinais vitais, não havia sinais de atropelamento resolvi remove-lo para minha própria segurança, onde foi que começou seu martírio, esse homem, um ser humano assim como eu e você que esta na frente do seu computador, teve sua primeira convunção, enquanto eu fazia os procedimentos para que ele não se machucasse uma senhora que passava por ali também ligava pro serviço de ambulância.

Este infeliz que a principio aparentava embriagues, estava tendo convunções, a principio uma pequena aglomeração de pessoas foi criada, gente especulando sobre quem era o que tinha acontecido, quantos anos ele teria, de onde ele vinha, pra onde ele iria, “ei o senhor já chamou o SAMU?” de pronto a resposta era a mesma, “sim já chamaram!” “Deus o abençoe, o senhor esta fazendo muito por ele” e seguiam seu caminho, foi assim com dezenas de pessoas, ela vinham pelo caminho, olhavam ele pobre, questionavam, especulavam, abençoavam e seguiam seu caminho, os minutos se passavam o SAMU não chegava, as pessoas que se aglutinavam , já haviam ido embora estamos só eu minha esposa e o infeliz, até então nem nome ele tinha, pois estava inconsciente. Vi duas senhoras caminhando com seus cachorrinhos, passaram olharam repreendeu um dos cães, pois ele não podia ir pra rua e foi simplesmente transpuseram um obstaculo e seguiram.

Naquele momento de solidão, enquanto minha esposa observava se a ambulância chegaria eu aguardava abaixado com aquele homem desacordado, quando um senhor de uns 50 anos se aproximou, como tantos outros ele me perguntou o que havia acontecido, se abaixou do meu lado e me disse: “vou aguardar com vocês” .
O homem teve um momento do consciência e começou a balbuciar algumas palavras nos disse seu nome, Nilson, 52 anos, creio que jamais esquecerei seu nome, morador de rua, sua mãe mora na vila Ipê, tem 88 anos, me falou o nome dela, mas não consegui entender.

Aquele homem estava lá ao meu lado, aguardando o SAMU, já havia passado mais de uma hora e o atendimento aquele homem não tinha acontecido, por um instante resolvi ligar pro 192, ele se sentou, caiu pra traz e bateu a cabeça desacordou de novo, começou bater em mim aquele desespero, ele não seria atendido!
Conversado com aquele homem que também decidiu parar pra simplesmente acompanhar aquele ser humano esquecido por todos, ele me falou, “sou espirita, não posso deixar esse homem ai!”

Parei-me a meditar, o que motivava aquele homem, estar ai?

“respondendo Jesus, disse: Descia um homem de Jerusalém para Jericó, e caiu nas mãos dos salteadores, os quais o despojaram, e espancando-o, se retiraram, deixando-o meio morto.
E, ocasionalmente descia pelo mesmo caminho certo sacerdote; e, vendo-o, passou de largo.
E de igual modo também um levita, chegando àquele lugar, e, vendo-o, passou de largo.
Mas um samaritano, que ia de viagem, chegou ao pé dele e, vendo-o, moveu-se de íntima compaixão;
E, aproximando-se, atou-lhe as feridas, deitando-lhes azeite e vinho; e, pondo-o sobre o seu animal, levou-o para uma estalagem, e cuidou dele;
E, partindo no outro dia, tirou dois dinheiros, e deu-os ao hospedeiro, e disse-lhe: Cuida dele; e tudo o que de mais gastares eu to pagarei quando voltar.”Lucas 10:30-35

Quantos cristãos, que assim se intitulam pelo menos, passaram por ali, de modo algum quero me colocar no lugar de um bom samaritano, sou socorrista, fui professor de APH (Atendimento Pronto Hospitalar), tenho obrigações civis, antes mesmo das religiosas, de ter ficado ali esperando socorro, aquele mendigo estava ali, com problemas mentais, alcoólatra, ali largado com uma senhora passando com seu “pet”, que defecou logo ao lado dele e ela se retirou sem ao menos retirar as fezes do chão, após uma ultima tentativa frustada de ligar ao 192, aquele homem, o espirita, parou uma viatura da GM, com duas guardas, a GMF Lenilva e a GMF Vânia, que pararam e solicitaram o atendimento pela rede, essas duas mulheres, provavelmente mães, também se compadeceram daquele pobre Nilson, sim ele tem nome, família, ele é gente, desprovido de toda dignidade que um dia provavelmente ele teve, estava la, desprotegido por toda uma sociedade que finge que ele não existe, Nilson, 52 anos, pouco depois da chegada da GM ele foi levado a um hospital seria atendido.

Aquele homem, o espirita, não perguntei seu nome, simplesmente não o fiz, nem posso dizer o porquê, ele me lembrou do samaritano, na sequencia do texto Cristo nos ensina:
“Qual, pois, destes três te parece que foi o próximo daquele que caiu nas mãos dos salteadores?
E ele disse: O que usou de misericórdia para com ele. Disse, pois, Jesus: Vai, e faze da mesma maneira.”Lucas 10:36-37

Estamos coisificando as pessoas, valorizando as coisas, me pergunto quantos cristãos passaram lá, com o mendigo, só ficou o espirita e o crente.

O amor cristão, por obrigatoriedade deveria parar todos os cristãos ali, muitos pararam, até se compadeceram e seguiram seu caminho. Poderiam ter ficado, poderiam ter parado para fazer voz a nossa indignação, pois um ser humano estava lá abandonado.

O espirita ficou, fazendo aquilo que TODOS nós deveríamos fazer”
Este conto aconteceu de fato, comigo, ontem.

Envergonho-me por ser um cristão que tem que escrever sobre isso, para cristãos, por ter que perguntar:
“Porque todo aquele que invocar o nome do Senhor será salvo.
Como, pois, invocarão aquele em quem não creram? e como crerão naquele de quem não ouviram? e como ouvirão se não há quem pregue?
E como pregarão se não forem enviados? como está escrito: Quão formosos os pés dos que anunciam o evangelho de paz; dos que trazem alegres novas de boas coisas.
Mas nem todos têm obedecido ao evangelho; pois Isaías diz: Senhor, quem creu na nossa pregação?”Romanos 10:13-16

Não pregamos com nossas palavras, pregamos com nossas atitudes.

“Assim também a fé, se não tiver as obras, é morta em si mesma.
Mas dirá alguém: Tu tens a fé, e eu tenho as obras; mostra-me a tua fé sem as tuas obras, e eu te mostrarei a minha fé pelas minhas obras.” Tiago 2:17-18

Não estou pregando a salvação pelas obras, mas o salvo tem que ter OBRAS, já que os espiritas as têm, louvo a Deus pela vida daquele espirita, ele não estava ali com o Nilson, ele estava lá comigo. Estava tão desesperado para que o Nilson fosse atendido, que aquele homem me dizia, “vai dar tudo certo”.

Obrigado Deus por ele.

Nenhum comentário:

Postar um comentário