quarta-feira, 13 de novembro de 2013

Aprendendo com o Breve Catecismo de Westminster 1






Breve Catecismo de Westminster.

Pergunta 1 - qual o fim principal do homem?
Resposta: o fim principal do homem é glorificar a Deus¹ e gozá-Lo para sempre².

Referências Bíblicas (ACF):

1) 1Co 10.31 - Portanto, quer comais quer bebais, ou façais outra qualquer coisa, fazei tudo para glória de Deus.

Romanos 11.36 (conforme o Catecismo Maior) - Porque dele e por ele, e para ele, são todas as coisas; glória, pois, a ele eternamente. Amém.

2) Sl 73.24-26 - Guiar-me-ás com o teu conselho, e depois me receberás na glória. Quem tenho eu no céu senão a ti? E na terra não há quem eu deseje além de ti. A minha carne e o meu coração desfalecem; mas Deus é a fortaleza do meu coração, e a minha porção para sempre.

Jo 17.22 e 24 - E eu dei-lhes a glória que a mim me deste, para que sejam um, como nós somos um (...). Pai, aqueles que me deste quero que, onde eu estiver, também eles estejam comigo, para que vejam a minha glória que me deste; porque tu me amaste antes da fundação do mundo.

Ap 4.11 - Digno és, Senhor, de receber glória, e honra, e poder; porque tu criaste todas as coisas, e por tua vontade são e foram criadas.

Reflexão:

O significado da palavra “fim” é o propósito para o qual existimos, a intenção de Deus ter-nos criado. É qualificada pela palavra “principal”, ou seja, há outros propósitos nesta vida, mas tudo deve ser para glorificar a Deus. A própria salvação não é um fim em si mesma, sendo um propósito secundário, já que o próprio propósito da salvação é glorificar a Deus. O Breve Catecismo não começa falando da salvação do homem, mas com a preocupação primária que é estar a serviço do Deus soberano. J. B. Green resume  que o dever do homem é “glorificar a Deus”; e seu destino, “gozá-Lo”. 

Uma questão sempre martelou na mente de todas as sociedades: por que estou aqui? O fim supremo do ser humano não é nem buscar a sua felicidade, muito menos buscar o melhor para a maioria. Ambos são pensamentos humanistas antropocêntricos voltados para o próprio homem. No primeiro caso, a verdadeira felicidade só é encontrada conhecendo, glorificando e gozando a Deus – como consequência deste processo. Na segunda suposição (oriunda do liberalismo teológico) põe a felicidade do indivíduo como consequência da felicidade do grupo – baseadas pela ideia pagã “o homem é a medida das coisas”. Deus é a única medida, e só quando Ele é exaltado, é que encontraremos – nEle – nossa “funcionalidade” e a felicidade.

Sobre a glória de Deus, Calvino diz que “a glória de Deus é quando sabemos o que Ele é”. Nós O glorificamos quando não buscamos a nossa própria glória. Agostinho em suas Confissões (I.1), diz: “Fizeste-nos para Ti, e nosso coração não encontra descanso enquanto não repousa em Ti”. Recebemos capacidades de Deus, e devemos usá-las para Sua glória. Este serviço deve vir do coração e não ser feito como obrigação. 

Glorificar a Deus e depois gozá-Lo é servirmos ao propósito para o qual fomos criados. Daí vem à felicidade, pois servir conscientemente ao propósito para o qual Deus o criou é a glória do homem. Mas, só podemos glorificar o que conhecemos (conforme refletiremos nas próximas questões do Catecismo)!

Por que glorificar está antes de gozar? Porque não é Deus que existe para o homem, antes, é o homem que existe para Deus. Gozar a Deus está estritamente subordinado (ligado e submisso) a glorificar a Deus. Isso é totalmente o oposto do que o “evangelho” utilitarista tem pregado – onde transformaram o Criador e Senhor em um ídolo a ser agradado com prendas e exigido para que cumpra com sua obrigação de nos dar prazer. Isso não é cristianismo, é, na melhor das hipóteses, paganismo.

Glorificar e gozar a Deus são coisas bem diferentes do que tem sido proclamado pelas plataformas na maioria das igrejas. Lembremos do que escreveu o bispo R. C. Ryle: “Onde será que estão à negação do eu, o remir do tempo, a ausência do luxo e da gratificação própria, o afastamento inconfundível das coisas do mundo, a aparência de estar sempre preocupado com os negócios do Mestre, a coerência de visão, o alto tom de conversação, a paciência, a humildade que distinguiam tanto dos nossos antecessores...?”

Podemos associar: Far-me-ás ver a vereda da vida; na tua presença há fartura de alegrias; à tua mão direita há delícias perpetuamente (Sl 16.11). A alegria vinda de Deus vem de estar num relacionamento certo com Deus. Devemos estar na posição da poesia de Corá: Assim como o cervo brama pelas correntes das águas, assim suspira a minha alma por ti, ó Deus! A minha alma tem sede de Deus, do Deus vivo (Sl 42. 1-2a).

As questões são que devem motivar uma reflexão são:  

Temos glorificado a Deus em tudo?
Comemos, bebemos ou qualquer outra coisa que fazemos é para a glória de Deus?
Temos uma visão escatológica biblicamente fundamentada de que estaremos com Cristo, desfrutando de Sua glória?
Aspiramos por isso? Ou temos nos deleitado em prazeres efêmeros e nos apegado ao transitoriamente frágil e corrompido, nos apegando mais a criação do que ao Criador?
Sabemos ter um equilíbrio de desfrutar as coisas criadas – para glória de Quem as criou, sem sermos mundanos? Ou desprezamos o que o Senhor santificou por nossa causa, vivendo em “guetos gospel”, numa vida monástica moderna e dualista, tentando ser mais santos do que Aquele que santifica?
Sabemos glorificar a Deus na dor e na miséria? Ou na dor somos resmungões com semblantes de injustiçados?
Sabemos glorificar a Deus na alegria e na abundância? Ou quando temos o suficiente O desprezamos por não precisarmos de Seu auxílio?

Que possamos empregar tempo em estudar as Escrituras e aprender a viver para a glória do Pai amoroso e digno, e nos reconfortemos ansiando o dia em que gozaremos a plenitude de Deus, encontrada na face de Cristo eternamente.

Fonte: HORN, Leonard, T. Van – Estudos No Breve Catecismo De Westminster – Editora Puritanos; 
Catecismo Maior de Westminster Comentado por Johannes Geerbardus Vos – Editora Puritanos; 
Catecismo Maior de Westminster – Editora Cultura Cristã.

Releia aqui uma pregação sobre a primeira pergunta do Catecismo Maior/Menor de Westminster!

Ave Crux, Unica Spes! 
 
http://ecclesiareformanda.blogspot.com.br/2011/06/aprendendo-com-o-breve-catecismo-de.html 

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