Breve Catecismo de Westminster.
Resposta: o fim principal do homem é glorificar a Deus¹ e gozá-Lo para sempre².
Referências Bíblicas (ACF):
1) 1Co 10.31 - Portanto, quer comais quer bebais, ou façais outra qualquer coisa, fazei tudo para glória de Deus.
Romanos
11.36 (conforme o Catecismo Maior) - Porque dele e por ele, e para ele,
são todas as coisas; glória, pois, a ele eternamente. Amém.
2)
Sl 73.24-26 - Guiar-me-ás com o teu conselho, e depois me receberás na
glória. Quem tenho eu no céu senão a ti? E na terra não há quem eu
deseje além de ti. A minha carne e o meu coração desfalecem; mas Deus é a
fortaleza do meu coração, e a minha porção para sempre.
Jo
17.22 e 24 - E eu dei-lhes a glória que a mim me deste, para que sejam
um, como nós somos um (...). Pai, aqueles que me deste quero que, onde
eu estiver, também eles estejam comigo, para que vejam a minha glória
que me deste; porque tu me amaste antes da fundação do mundo.
Ap
4.11 - Digno és, Senhor, de receber glória, e honra, e poder; porque tu
criaste todas as coisas, e por tua vontade são e foram criadas.
Reflexão:
O
significado da palavra “fim” é o propósito para o qual existimos, a
intenção de Deus ter-nos criado. É qualificada pela palavra “principal”,
ou seja, há outros propósitos nesta vida, mas tudo deve ser para
glorificar a Deus. A própria salvação não é um fim em si mesma, sendo um
propósito secundário, já que o próprio propósito da salvação é
glorificar a Deus. O Breve Catecismo não começa falando da salvação do
homem, mas com a preocupação primária que é estar a serviço do Deus
soberano. J. B. Green resume que o dever do homem é “glorificar a
Deus”; e seu destino, “gozá-Lo”.
Uma
questão sempre martelou na mente de todas as sociedades: por que estou
aqui? O fim supremo do ser humano não é nem buscar a sua felicidade,
muito menos buscar o melhor para a maioria. Ambos são pensamentos
humanistas antropocêntricos voltados para o próprio homem. No primeiro
caso, a verdadeira felicidade só é encontrada conhecendo, glorificando e
gozando a Deus – como consequência deste processo. Na segunda suposição
(oriunda do liberalismo teológico) põe a felicidade do indivíduo como
consequência da felicidade do grupo – baseadas pela ideia pagã “o homem é
a medida das coisas”. Deus é a única medida, e só quando Ele é
exaltado, é que encontraremos – nEle – nossa “funcionalidade” e a
felicidade.
Sobre
a glória de Deus, Calvino diz que “a glória de Deus é quando sabemos o
que Ele é”. Nós O glorificamos quando não buscamos a nossa própria
glória. Agostinho em suas Confissões (I.1), diz: “Fizeste-nos para Ti, e
nosso coração não encontra descanso enquanto não repousa em Ti”.
Recebemos capacidades de Deus, e devemos usá-las para Sua glória. Este
serviço deve vir do coração e não ser feito como obrigação.
Glorificar
a Deus e depois gozá-Lo é servirmos ao propósito para o qual fomos
criados. Daí vem à felicidade, pois servir conscientemente ao propósito
para o qual Deus o criou é a glória do homem. Mas, só podemos glorificar
o que conhecemos (conforme refletiremos nas próximas questões do
Catecismo)!
Por
que glorificar está antes de gozar? Porque não é Deus que existe para o
homem, antes, é o homem que existe para Deus. Gozar a Deus está
estritamente subordinado (ligado e submisso) a glorificar a Deus. Isso é
totalmente o oposto do que o “evangelho” utilitarista tem pregado –
onde transformaram o Criador e Senhor em um ídolo a ser agradado com
prendas e exigido para que cumpra com sua obrigação de nos dar prazer.
Isso não é cristianismo, é, na melhor das hipóteses, paganismo.
Glorificar
e gozar a Deus são coisas bem diferentes do que tem sido proclamado
pelas plataformas na maioria das igrejas. Lembremos do que escreveu o
bispo R. C. Ryle: “Onde será que estão à negação do eu, o remir do
tempo, a ausência do luxo e da gratificação própria, o afastamento
inconfundível das coisas do mundo, a aparência de estar sempre
preocupado com os negócios do Mestre, a coerência de visão, o alto tom
de conversação, a paciência, a humildade que distinguiam tanto dos
nossos antecessores...?”
Podemos associar:
Far-me-ás ver a vereda da vida; na tua presença há fartura de alegrias;
à tua mão direita há delícias perpetuamente (Sl 16.11). A alegria vinda
de Deus vem de estar num relacionamento certo com Deus. Devemos estar
na posição da poesia de Corá: Assim como o cervo brama pelas correntes
das águas, assim suspira a minha alma por ti, ó Deus! A minha alma tem
sede de Deus, do Deus vivo (Sl 42. 1-2a).
As questões são que devem motivar uma reflexão são:
Temos glorificado a Deus em tudo?
Comemos, bebemos ou qualquer outra coisa que fazemos é para a glória de Deus?
Temos uma visão escatológica biblicamente fundamentada de que estaremos com Cristo, desfrutando de Sua glória?
Aspiramos
por isso? Ou temos nos deleitado em prazeres efêmeros e nos apegado ao
transitoriamente frágil e corrompido, nos apegando mais a criação do que
ao Criador?
Sabemos
ter um equilíbrio de desfrutar as coisas criadas – para glória de Quem
as criou, sem sermos mundanos? Ou desprezamos o que o Senhor santificou
por nossa causa, vivendo em “guetos gospel”, numa vida monástica moderna
e dualista, tentando ser mais santos do que Aquele que santifica?
Sabemos glorificar a Deus na dor e na miséria? Ou na dor somos resmungões com semblantes de injustiçados?
Sabemos
glorificar a Deus na alegria e na abundância? Ou quando temos o
suficiente O desprezamos por não precisarmos de Seu auxílio?
Que
possamos empregar tempo em estudar as Escrituras e aprender a viver
para a glória do Pai amoroso e digno, e nos reconfortemos ansiando o dia
em que gozaremos a plenitude de Deus, encontrada na face de Cristo
eternamente.
Fonte: HORN, Leonard, T. Van – Estudos No Breve Catecismo De Westminster – Editora Puritanos;
Catecismo Maior de Westminster Comentado por Johannes Geerbardus Vos – Editora Puritanos;
Catecismo Maior de Westminster – Editora Cultura Cristã.
Releia aqui uma pregação sobre a primeira pergunta do Catecismo Maior/Menor de Westminster!
Catecismo Maior de Westminster Comentado por Johannes Geerbardus Vos – Editora Puritanos;
Catecismo Maior de Westminster – Editora Cultura Cristã.
Releia aqui uma pregação sobre a primeira pergunta do Catecismo Maior/Menor de Westminster!
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